quarta-feira, 28 de setembro de 2016

É que eu acredito no Amor ...


E quem nunca ouviu de um parente, um amigo, um conhecido "Júlia mas você é tão bonita, inteligente, independente, esforçada, como pode estar só? Eu não consigo entender...". Eu consigo entender, é porque eu não consigo desistir do Amor. Do Amor de verdade, aquele para a vida inteira, não consigo desistir e me contentar com o falso Amor, aquele Amor que a gente finge que sente para não ficar sozinho, para agradar as pessoas em volta, para satisfazer e suprir as perguntas alheias, é que eu acredito mesmo no Amor.

"E o encontro de ontem a noite? não deu certo? de novo?!". Não, não deu certo, de novo. E aí vem o sermão de sempre... "Você tá muito exigente, desse jeito vai ficar solteira para sempre!". Talvez, talvez eu fique mesmo solteira o resto da vida, mas quando procuro um Amor não posso deixar de ser exigente, não posso deixar de querer sentir borboletas no estômago quando penso no outro, não posso deixar de querer ter um papo descontraído, de querer olhos nos olhos, de querer sorrir das coisas idiotas que ele fala, de sentir que é Ele que eu quero apresentar para os meus pais, para a minha família, de querer dançar agarradinho mesmo pisando no seu pé, de querer dormir agarradinho, de sorrir sozinha ao pensar no sorriso dele, de querer ser feliz ao lado dele.

O encontro da noite passada não deu certo, de novo, não por culpa exclusiva do outro, eu também não consigo agradar a todos, são muitas pessoas perdidas tentando se encontrar, são muitas pessoas que se encontraram tentando Amar e, ás vezes, ninguém tem culpa, apenas não encaixou legal. Algumas pessoas se apegam a padrões, ou a cor dos olhos, ou a farda, ou ao tipo de trabalho, de crença, da cor do cabelo, do comprimento, de quanto o outro tem no banco, ao sexo, se escreve certo, se sonha alto. Eu procuro alguém que ande de mãos dadas comigo no parque de manhã, que se aventure comigo na cozinha no almoço e que deixe a preguiça tomar conta no sofá num sábado a noite.

É o que eu exijo, é o meu ser exigente com alguém, é esperar respeito por que é algo importante de se entregar num relacionamento. É querer sonhar os mesmos sonhos, mesmo que esse sonho seja diferente do que o que você sonhou a vida inteira, é poder pular porque o outro falou que você não vai se machucar, que lá no final tudo vai valer a pena, é acreditar. Acreditar que nas turbulências você terá um abrigo nos braços dele, nos seus abraços, e que o conforto vai chegar no aperto que te tira o ar.

É que eu acredito no Amor, na cara amassada e cativante ao acordar, nas lágrimas que um vestido branco consegue arrancar, na casinha bagunçada que se acha de tudo principalmente aconchego, nas tentativas frustrantes de ensinar o filhotinho recém chegado aonde fazer xixi, a dor de um dedo cortado, a panela queimada reafirmando a falta de habilidade em cozinhar, no perfume gostoso na camisa dele, no cano estourado ao parafusar o local errado, no êxtase em vê-la se maquiar e colocar aquele vestido que te deixa maluco, na surpresa quando aparecem os dois pauzinhos num teste feito no seu banheiro, o medo da primeira noite no hospital, a emoção de uma adoção.

Talvez eu esteja sendo muito exigente sim, mas quando a gente passa por tantas ciladas que a vida teima em colocar no caminho, quando a gente começa a entender o que nós queremos, quando se quer um Amor para a vida inteira, ser exigente e não se contentar com o "falso amor" é para os corajosos. Talvez eu fique solteira para a vida inteira ou talvez eu esbarre no meu Amor verdadeiro, quem sabe?. Mas eu to vivendo, to me permitindo, não deixo de tentar, não deixo de buscar e disso não tenho nenhum arrependimento, porque aqui dentro o que não falta é Amor para dar. 



 

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