quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

48 horas sem whatsapp


Apesar do desespero de todos com a falta do whatsapp por 48 horas ininterruptas, acabei de perceber que até agora, as oito horas que se seguiram sem aplicativo, não está sendo nada difícil ter ido dormir sem o som característico dele apitando e acordar sem o mesmo som, uma paz só. Poder levantar sem ter a obrigação de responder todos os grupos com o mesmo "Bom Dia" ou "Booommm Diiiaaaa" de sempre, apenas sentar na cama, respirar fundo e levantar, escovar os dentes, pentear o cabelo, tomar café e sair para trabalhar.

Ouvi no rádio, pelo caminho até o trabalho, piadas sobre o assunto e alguns conselhos sobre o que deveria ser feito sem o aplicativo. "Que tal marcar um barzinho com os amigos e assim dessa vez, todos vão estar olhando um para a cara do outro, ao invés de estarem todos olhando para baixo, para a telinha do celular e teclando", outro disse "se você ver um estranho chegando perto, bem perto mesmo, não se assuste não, é só aquela pessoa da sua família que sempre esteve do seu lado, mas que você não via a muito tempo depois do whatsapp", e mais um soltou um "gente pelo menos agora vão deixar a coitadinha da Fabíola em paz".

E mesmo em tons de piadas e risos de fundo, você se dá conta ou sempre soube que ta tudo muito errado, como um aplicativo pode alienar tanto as pessoas ao ponto delas não conseguirem ver mais nada ao seu redor, não conseguir curtir momentos com pessoas especiais, mas em contra partida a facilidade de julgar e comentar sobre a vida, o erro de alguém que você nunca viu ou trocou qualquer palavra que seja. E não, não estou falando aqui que o aplicativo só trás coisas ruins, ele facilita e muito a minha vida, a vida das pessoas em geral, mas algumas coisas deveriam ter sim limites.  

Se eu estou feliz com essas quarenta e oito horas?! Estou sim, porque me fez relembrar das vezes em que tínhamos que esperar dar meia noite para entrar no ICQ, lembram do nosso velho amiguinho aí?! Pois bem, precisávamos esperar tudo isso por causa da nossa internet discada, para falarmos com amigos ou pessoas de outros Estados, Países e depois voltávamos as nossas vidas normais porque não conseguíamos levar o computador no bolso, então saíamos com nossos amigos, conversávamos olho no olho, íamos para as reuniões de família e fazíamos aquelas rodas enormes para conversar, ou cantar aquele modão sertanejo com alguém arranhando um violão "Traz mais uma e joga a chave", sem ter que ficar o tempo todo brigando para que a pessoa largue o celular ou tentando chamar a atenção de alguma forma. Vá visitar alguém que a muito tempo não vê, só se falam pelas redes sociais. Ligue para sua avó, tia, primo, amigo, vizinha. Marque um imagem e ação com aquelas pessoinhas especiais. Mande um sms e se lembre como é a sensação de não saber se a pessoa visualizou ou se está escrevendo algo neste exato momento. Vá dar uma corridinha no Parque, dessa vez não terá interrupções, leve as crianças para brincar no Parque com a sua atenção voltada totalmente para elas. 

Um amigo escreveu no seu Facebook "Pronto, gente. Já podem voltar a mandar e receber cartas". E me veio um sorriso no rosto, porque já escrevi muitas delas, que foram entregues ou não. E não estou falando dessas do correio, nunca enviei uma dessas para ninguém, mas sempre fui muito boa em me expressar por meio de palavras, porque vocês já sabem né o sem filtro ás vezes é bom, mas algumas vezes não deixa bem claro para a pessoa o carinho que eu tenho por ela quando eu solto uma rajada de verdades, essa minha forma linda de não pensar antes de falar. E quando eu escrevo posso pensar com mais calma e colocar de uma forma verdadeira, mas que não machuque tanto a pessoa, vocês leram o "tanto"?! rs. Então, já escrevi muito para as pessoas, algumas vezes páginas e mais páginas, e adorava, acho que graças a isso hoje tenho essa facilidade toda. E com essa frase consegui relembrar todos aqueles momentos incríveis, mas há muito tempo que eu não faço isso, e você? A quanto tempo não faz? Já fez algum dia?. Já pensou em surpreender alguém com esse gesto tão bacana, de escrever para alguém? Bom, você tem quarenta e oito, aliás quarenta horas, para se dedicar a escrita e a alguém.

Eu sei que muitas pessoas não irão gostar do que vou falar agora, mas acho que deveriam ter essas quarenta e oito horas pelo menos umas duas vezes ao mês!... Tá tá tá tá é muito para você né?! Mas poxa, então deveria ter pelo menos uma vez por mês, agora acha justo?!. Eu acho justo poder levantar um dia sem a obrigação de pegar no celular para responder mensagens, de sentir saudade de falar com alguém e ligar e ouvir a voz dessa pessoa, de rir dessa "tragédia" que é ficar sem o aplicativo, de sair para beber com os amigos e perceber que os olhos da Juliana são verdes e não castanhos como eu achei que sempre fossem, de fazer mais rodinhas de piadas e músicas com a família, de poder beijar a sua paquera sem ter que ficar se enfiando entre ela e o celular como eu vi um garoto fazendo esses dias no shopping, de tirar um tempinho do meu dia e escrever para alguém, para que fique registrado ali, naquele papel o que eu sinto por essa pessoa, como ela me faz feliz com o seu sorriso. E muitos vão dizer, isso é possível sim, é só você querer. Não, não é possível porque não depende só de mim, ou de você, mas de todos os outros, então quando acontece algo do tipo temos que aproveitar.

E você?! O que vai fazer nas suas quarenta e oito horas, além de resmungar sobre a injustiça que é não poder se "comunicar com alguém"??!! 







5 comentários:

  1. Respostas
    1. Opaaaa ..... Obrigada <3 Pena que a paz durou pouquinho hein rsrs
      Whatsapp já voltou com tudoooo rsrs

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    2. Esse é o que se chama de Paizao!!!

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  2. Lindo texto Juju!
    Serve como desafio, em qualquer encontro...

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